sexta-feira, 13 de novembro de 2009

COTAS: INCLUSÃO SOCIAL OU FORMA VELADA DE RACISMO?

Todos sabem que o Brasil é um país miscigenado e o ecletismo de sua cultura, vindo das muitas raízes indígenas, europeias e africanas, é o que configura sua beleza.
Durante este mês, conforme previamente pensado - e bem pensado -, minha intenção é trazer para cá textos que abordem a questão racial, tendo em vista o mês em que se celebra o "Dia da Consciência Negra".
Percebo a cada dia que as pessoas não gostam muito de falar sobre o assunto. Parecem tratá-lo ainda como tabu. Nunca entendi o porquê, pois é um tópico essencialmente rico, contínuo e que admite constantemente novas opiniões, estudos e discussões. Ou será que não tem importância?
Importante ou não, pude notar nas últimas semanas, através das respostas a um e-mail por mim enviado, que há pessoas que consideram o tema interessante.
Lá eu questionava: "Considerando o contexto histórico nacional, VOCÊ É A FAVOR OU CONTRA AS COTAS NAS UNIVERSIDADES? POR QUÊ?". Ressaltando que minha finalidade com a mensagem foi conhecer outras opiniões sobre as cotas, especificamente para negros.
Isto me rendeu base para escrever hoje. Tinha curiosidade de saber o que pensavam. A interação foi muito boa, as respostas muito inteligentes.
É conveniente definir, quando se fala em cotas, o que são ações afirmativas. Trata-se das políticas sociais voltadas à concretização do princípio de igualdade, com base na constituição. Seu objetivo é sanar desigualdades, não só atuais, mas também as historicamente acumuladas, assegurando a todo cidadão condições iguais de oportunidades.
Nas universidades, estas medidas buscam minimizar as desigualdades decorrentes da constituição social, auxiliando jovens socioeconomicamente desfavorecidos a ingressarem nos cursos superiores nas mesmas condições que os outros estudantes. A eles é oferecida uma porcentagem das vagas disponíveis.
Particularmente na questão “cotas raciais”, percebi que as opiniões “contra”, de modo geral, defenderam que esta política caracteriza-se em uma forma velada de racismo, inferiorização do negro, visto que, independente da cor da pele, todos são intelectualmente capazes e não precisam de reserva de vagas. Afirmam, ainda, que esta seria mais uma forma de manutenção da desigualdade, de separação da sociedade e um remédio paliativo para aliviar um problema antigo do governo: a qualidade de ensino. Em outras palavras, para eles, a solução não seria a implementação de cotas, mas sim um forte investimento na educação de base, além do acesso a boas escolas e cultura até chegarem à universidade, pois, em idênticas condições, este tipo de ação seria desnecessário.
Em contrapartida, os defensores das políticas de cotas questionam: será que depois de abolidos, os ex-escravos foram inseridos na sociedade da mesma forma? As oportunidades de acesso à educação, saúde, cultura, lazer, são as mesmas para brancos e negros? Estes ainda mencionam que muitos negros, até hoje, ingressam nos ensinos fundamental e médio em desvantagem, levando em conta o passado da família refletido no presente de cada um. O fato de perceberem a maioria branca em vários segmentos da sociedade, principalmente nas universidades, os torna também contundentes em suas opiniões. Acreditam que as soluções para os problemas de nossa sociedade não podem ser construídas sob a visão de um único grupo étnico.
Bom...
As opiniões estão aí. Foram muitas e divergentes, como esperado.
A verdade é que temos que respeitar o ponto de vista de cada um. Acerca deste assunto, nunca se chegará a um consenso, porque cada qual expressa aquilo que considera correto com base na realidade em que vive e na experiência e visão de mundo que têm.
As discussões, conforme já citei, são constantes. O projeto é controverso, polêmico.
De um lado, os opositores acreditando que esta é uma forma de acentuar a desigualdade e o racismo, e do outro os favoráveis defendendo que a providência é um pagamento de dívida histórica que o Brasil possui com negros que foram escravizados pelos colonos, visto que são herdeiros de uma política de governo excludente.
Discussão difícil, porém necessária!
E retomando o início do texto, volto a comentar sobre miscigenação: sendo o Brasil um país miscigenado – evidenciado por pesquisas genéticas – , como é que comprovamos a raça de cada um? Curioso, não?!
É... A consciência de RAÇA leva a infinitos conflitos...
O que não podemos é dividir cada vez mais nosso povo.

“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.”
Bob Marley

7 comentários:

  1. “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.”
    Bob Marley

    Gostei... se tivesse visto antes, seria a frase tema da 8a. Semana da Consciência Negra de São Simão.
    Sou favorável as Cotas sim.
    Como você disse no Blog, "Ações afirmativas", inclusão Social. A política de cotas ainda é a única forma atual de inclusão social para a população menos favorecida, e dentro dessa população, somos a maioria com certeza.
    Sabemos que a melhor forma seria um investimento forte na educação de base. Mas, qdo isso será feito? Precisaremos talvez, como disse o insensato Henrique Lobo (Secretário das Relações Institucionais do Governo Serra), "Esperar mais 500 anos". Não! Precisamos de cotas sim! Precisamos de negros de exemplo, que sirvam de auto estima e de alavanca para nossas crianças que esperam a aplicação da Lei 10.639/03.
    Salve Zumbi!
    Axé a Todos!

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  2. Cotas Sim!
    Mas cotas na eucação de Base... A inclusão deve ser feita desde o início da vida escolar (ne verdade nem deveríamos precisar inlcuir, né? mas utopia, utopia...)...
    A questão é que, dando oportunidade de melhor educação desde o início, estaremos dando além de melhor educação, formaríamos melhores profissionais... Educação de base como o próprio nome já diz, É a base...

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  3. Acredito que devemos lutar para construir um país justo onde todos sejam igual perante a lei e onde todos tenham as mesmas oportunidades de buscar o que considera melhor para sua vida.
    As raças foram definidas historicamente por questões religiosas, econômicas e políticas e hoje não faz o menor sentido, diante das afirmações cientificas-biológicas, separar a humanidade em raças. Somos todos de uma mesma raça humana.
    O que deve ser atacado no Brasil é a pobreza e a falta de oportunidade que atinge as pessoas indepedentemente da cor da pele.

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  4. É, amigos...

    Essa questão é realmente bem complicada.
    A verdade é que não podemos nos basear somente em teorias para formarmos nossa opinião acerca disso ou aquilo. O negócio é observarmos a realidade e independente de como, acharmos urgentemente uma saída para sanar com nossos históricos problemas.
    Deus deu ao homem o poder de usar as próprias mãos para fazer SUA justiça... justiça que ninguém vê, justiça que não acontece...
    Igualdade mesmo, só na lei... E se cruzarmos os braços, serão mais séculos de espera.

    Obrigada por me acompanharem!
    Abraços.

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  5. Olá Lu.

    Tema controvertido, mas muito importante. Qdo vc irá falar da beleza da raça. Seres superiores, acreditem...

    Beijos / Deborah

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  6. De fato o tema e controvertido e bem complicado principalmente porque nenhum dos lados pode falar com absoluta certeza que as cotas é ou não a melhor forma de combater o racismo. Talvez fosse uma questão pra ser decidida em plebicisto ou referendo para que todos cidadãos discutam e reflitam sobre o tema para poderem da forma mais democrática possível decidirem se as cotas seria ou não uma boa solução para o Brasil.

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  7. Gostei do texto. É sempre muito bom futucar esse assunto, pois suscita discussões e pontos de vista interessantes. Cotas trata da partilha do conhecimento e, indiretamente (ou diretamente), da própria riqueza da sociedade. É uma medida reparatória e compensatória. Mas por quanto tempo será preciso mantê-la para corrigir definitivamente as distorções sociais de nosso país? Eis uma importante pergunta!

    Lucimara, você tem orkut? Gostaria de manter contato contigo. Gosto muito de seu blog.

    Abraço!

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