Eu adoro textos metalinguísticos e hoje pude estar reservando alguns minutos para estar trazendo, neste espaço que tanto gosto, um pequeno trecho de reflexão sobre a chamada peste da comunicação moderna - o gerundismo. Aliás, este é só mais um vício de linguagem ou um modismo linguístico – como você pode estar preferindo chamar - dentre inúmeros que podem estar nos perseguindo.
Quando você telefona para a empresa e recebe a informação de que vai estar recebendo seu produto dentro de tantos dias, você pode não estar percebendo que a mocinha do teleatendimento pode estar adiando uma informação negativa ou querendo te ludibriar. Assim penso porque os adeptos ao gerundismo não me passam credibilidade alguma, apenas tentam ser menos ríspidos do que seriam se fossem diretos e objetivos.
Na verdade, a empresa pode, realmente, estar tentando te dar uma especial atenção, mas essa meiga conversinha de “vamos estar realizando” aborrece, cansa, enfastia.
Antigamente, esta era considerada a linguagem do telemarketing. Hoje se popularizou de forma tão assustadora, que a reunião pode estar atrasando alguns minutos para começar, o paciente pode estar aguardando pelo médico, eu posso estar sentindo dificuldade de escrever isso e o leitor pode estar achando a crônica um porre. O estar vem antecedido de um ou dois verbos e, como se não bastasse, seguido por outro no gerúndio. Situação bem simples que poderia estar sendo resumida em uma palavra ou, no máximo, duas.
No entanto, as pessoas podem estar sempre preferindo dar uma leve rebuscada na linguagem, parecendo ser um tanto quanto formal, amável e educada. O único problema é que elas podem estar se esquecendo de que se tornam companhias insuportáveis e, se pudessem estar ficando de boca fechada, conseguiriam estar poupando o próprio tempo. Essa ideia de continuidade é extremamente desnecessária e fadigosa.
E quando este modismo é transferido para a linguagem escrita? Aí, sim, posso estar considerando um problema crônico, que atingiu proporções e carece de tratamento especializado.
Gente, será que os falantes não percebem que o tal vício passa longe de poder estar sendo considerado bonito, tampouco culto? Talvez estejam pensando que usam nosso querido português de forma mais criativa do que os não-adeptos.
Questionar se a estrutura estabelece ou não uma perfeita comunicação não é minha intenção. A verdade é que esse tal modo cordial e suave de se falar não pode estar sendo disseminado, pois chega a um ponto em que os ouvintes podem estar ficando incomodados, como eu, que consegui estar me segurando até hoje para não estar escrevendo isso que você pode estar ficando cansado de ler.
O ideal é que os interlocutores possam estar se conscientizando e se dando conta de que é feio e doloroso se expressar através dessas locuções verbais conhecidas por gerundismo. Poderiam, ao menos, estar tentando se policiar ou controlar para estar evitando que tal linguagem possa estar atingindo e inquietando nossos ouvidos, especialmente os mais críticos.
Quando você telefona para a empresa e recebe a informação de que vai estar recebendo seu produto dentro de tantos dias, você pode não estar percebendo que a mocinha do teleatendimento pode estar adiando uma informação negativa ou querendo te ludibriar. Assim penso porque os adeptos ao gerundismo não me passam credibilidade alguma, apenas tentam ser menos ríspidos do que seriam se fossem diretos e objetivos.
Na verdade, a empresa pode, realmente, estar tentando te dar uma especial atenção, mas essa meiga conversinha de “vamos estar realizando” aborrece, cansa, enfastia.
Antigamente, esta era considerada a linguagem do telemarketing. Hoje se popularizou de forma tão assustadora, que a reunião pode estar atrasando alguns minutos para começar, o paciente pode estar aguardando pelo médico, eu posso estar sentindo dificuldade de escrever isso e o leitor pode estar achando a crônica um porre. O estar vem antecedido de um ou dois verbos e, como se não bastasse, seguido por outro no gerúndio. Situação bem simples que poderia estar sendo resumida em uma palavra ou, no máximo, duas.
No entanto, as pessoas podem estar sempre preferindo dar uma leve rebuscada na linguagem, parecendo ser um tanto quanto formal, amável e educada. O único problema é que elas podem estar se esquecendo de que se tornam companhias insuportáveis e, se pudessem estar ficando de boca fechada, conseguiriam estar poupando o próprio tempo. Essa ideia de continuidade é extremamente desnecessária e fadigosa.
E quando este modismo é transferido para a linguagem escrita? Aí, sim, posso estar considerando um problema crônico, que atingiu proporções e carece de tratamento especializado.
Gente, será que os falantes não percebem que o tal vício passa longe de poder estar sendo considerado bonito, tampouco culto? Talvez estejam pensando que usam nosso querido português de forma mais criativa do que os não-adeptos.
Questionar se a estrutura estabelece ou não uma perfeita comunicação não é minha intenção. A verdade é que esse tal modo cordial e suave de se falar não pode estar sendo disseminado, pois chega a um ponto em que os ouvintes podem estar ficando incomodados, como eu, que consegui estar me segurando até hoje para não estar escrevendo isso que você pode estar ficando cansado de ler.
O ideal é que os interlocutores possam estar se conscientizando e se dando conta de que é feio e doloroso se expressar através dessas locuções verbais conhecidas por gerundismo. Poderiam, ao menos, estar tentando se policiar ou controlar para estar evitando que tal linguagem possa estar atingindo e inquietando nossos ouvidos, especialmente os mais críticos.
Se você, leitor, veio até aqui, leu e gostou, vou estar agradecendo se você puder estar deixando um comentário.
Vou estar me policiando para não estar falando assim.
ResponderExcluirBeijos
Ah, claro que gostei, professora.
ResponderExcluirBelo escrito e de qualidade imensurável.
Bjs.
______
COnheceu o BLABLABLA NO TELECOTECO LÁ "em nossa casa"? Tem uma entrevista super legal com uma escritora mineira e especialista em Litaratura Infantil.
Olá Lucimara,
ResponderExcluirQuero agradecer a presença e comentário no blog..
Volte mais vees.
O gerundismo é realmente um modismo, frescura não sei, sei que tudo pode ser mais fácil.
Beijos
És muito criativa...Ficou bem legal esse texto ...Gostei e estrei lendo e comentando,rsrs...beijos,chica
ResponderExcluirCheguei vendo, lendo e meditando. Uso legal. Depois, fiquei preferindo manter as risadas na boca fechada para estar prestando atenção ao cerne da questão. Estar refletindo, estar matutando...hehehe..."guria" gostei da crítica bem humorada!! De fato, o uso inadequado do gerúndio tornou-se uma prática impensada e irrefletida. Valeu, Lucimara, sempre criativa. Um ótimo final de semana para você, beijos, boa noite amiga querida :)
ResponderExcluirCara Lucimara,
ResponderExcluirboa achega à nossa forma de falar e escrever...
Desde que não limite nossa capacidade de criar ambientes enquanto escrevedores e falantes!
abs
Lucimara!
ResponderExcluirGostei muito dessa reflexão. Mas acho que não há mais jeito para essa questão - digo, não há mais solução. A formação gerundiana, na linguagem de alguns teóricos, já está entranhada na nossa cultura de forma quase inamovível. Até mesmo entre as pessoas mais esclarecidas - com formação acadêmica, inclusive - detectamos gerudismos e essa formação viciosa caiu no lugar comum. Quando isso acontece, a situação sai de controle e podar fica difícil.
Entretanto, temos que observar a língua como uma entidade dinâmica e que se transforma ao longo do tempo, e palavras que atualmente são empregadas para uso formal são corruptelas de expressões que, no passado, eram mais complexas, como a palavra "você" e "obrigado" - esta última, originalmente, era "Sinto-me obrigado a retribuir a gentileza"; toda essa expressão não faz sentido hoje em dia, sobrando apenas uma única palavra. Sem falar nos tantos outros casos que existem de desusos, abreviações, deturpações, etc.
Claro que, nos dias de hoje, o gerudismo é uma coisa feia - e longe de mim querer advogar sua causa -, mas seria inútil da nossa parte achar que esse hábito mude algum dia. Do jeito que as coisas são no Brasil, só esperamos o pior.
Em suma, os tempos mudam, tudo muda, nem sempre para melhor, mas muda rsrsrs
Beijos!
Sou como você: adoro escrever. E meditar nas palavras. Vim visitar e vou voltar.
ResponderExcluirE volte sempre que quiser lá na minha sala de visita. Democrática, engraçada e cheia de energia.
Em Portugal, não temos esse problema.
ResponderExcluirDe qualquer modo, quando ouvimos um brasileiro a usar consecutivamente o gerúndio, achamos o som interessante.
Quando tentamos falar português do Brasil, a forma mais fácil de o fazer é usar o gerúndio... rs...
Mas, na minha modesta opinião, já que não sei nada da nossa língua, pior ainda é tentar reproduzir na escrita o som da pronúncia local ou regional. As vogais que só são abertas numa determinada região, por exemplo, quando são escritas com acentos... acho horrível...
Querida amiga Lucimara, bom fim-de-semana.
Um beijo.
Bacana, Lucimara. E o pior é que essa história toda acaba meio que "estigmatizando" o uso do gerúndio quando necessário. Sim, porque ele é útil quando usado com critério e parcimônia, concorda? Um beijo e bom domingo.
ResponderExcluirAmigos,
ResponderExcluirObrigada pela presença. É sempre um prazer tê-los comigo.
Fico feliz que tenham gostado. Às vezes não percebemos, mas o gerundismo nos ronda.
Abraços a todos
Sim, Marcelo, concordo...
Pena que algumas pessoas não medem e passam o dia todo falando desta forma. É muito triste... rs
Olá, Lucimara querida
ResponderExcluirAm ando
Tem endo
Part indo
Rez ando
Quer endo
V indo:
propor-lhe algo no meu post de amanhã...
Conto com sua participação amiga.
Excelente semana,cheia de ricas bênçãos!!!
Abraços fraternos
Li o seu perfil e levei um susto logo no início do texto: uai!
ResponderExcluirBem, continuei a ler e...tá, então tá. Permita-me estar dizendo que estou gostando e que estarei visitando o seu blog sempre que possível. Quanto a ser um caso sem solução, não creio. Hoje, fora do telemarkeing, jã não se ouve tanto quando do início do tsunami gerundiano.Aqui m casa, de tanto eu encher o saco, pegar no pé, a moçada largou mão da frescura. Parabéns, lindo blog.
Adorei... muito bom!
ResponderExcluirÉ sempre bom estar falando sobre esta prática para que as pessoas possam estar pensando neste jeito de falar! rs
Que sirva de alerta... Obrigada por mais esta contribuição!
Bjos
Ola...te achei no Companhia dos Bloguirso.Virei sua seguidora...
ResponderExcluirNooossaaaaaaa Luuuuuu!
ResponderExcluirVocê judiou da GENTE!!! Hehehe, mas pelo menos agradeceu no final hehe.
Insuportável hehehe
Um beijão.
Totalmente certeiro.Um texto oportuno e sumamente necessário,pois em tempos de gerundismo afoito e presente só mesmo os advérbios incessantes para irrritar ainda mais, rsrsrs.
ResponderExcluirCá estou, adorando teu espaço, seguindo-o atenta e agradecida pela visita aos Fractais.
Bjs,
Calu
Oi Lucimara!
ResponderExcluirRi muito com esse teu texto. Muito criativo. Parabéns.
Eu particularmente, vou estar odiando o gerundismo. hahaha Mas, ele deve ter sua função na Língua Portuguesa Ufunção esta que eu provavelmente faltei à aula, porque não lembro qual é. hahaha.
Voltarei sempre!
Beijos!
Passando e conferindo as novidades do blog.Como sempre,gosto muito do que leio.Beijocas da Marisa Mattos
ResponderExcluirO gerundismo virou moda, daquelas que os adolescentes incorporam em seus vocabulários, e devagar vai se alastrando para todos os adultos e classes sociais. Não sei se isso tem solução ou se já está mais do que incorporado na língua portuguesa...
ResponderExcluirO texto ficou muito bom e sabe que você escreve brilhantemente. Adoro ler suas coisas, mesmo que as vezes seja com um pouquinho de atraso...rs.
Te amo eternamente! Bjos
Excelente texto!
ResponderExcluirParabéns.