sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

POSSO AJUDAR? PODE... CALE A BOCA! - PARTE I

Se o mercado de trabalho está difícil, qualificação profissional nem se fala.
Posso parecer radical, mas percebo que tem gente que nunca servirá pra lidar com gente.
Por que? Preconceito da minha parte? Não!
Dia bonito, folga do trabalho. Fiz questão de me produzir para ir ao shopping com minha mãe. O destino? Loja de roupas masculinas para comprar presente.
- Bom dia! Posso ajudar? - recepciona a sorridente vendedora.
- Bom dia! Obrigada, estamos só dando uma olhada!
Expressão clássica a nossa, não?!
- Fiquem à vontade! - continuou.
- Ah, sim! Obrigada! - entoamos juntas.
Permanecemos à vontade por menos de um minuto:
- Mãe, olha que camisa linda!
- Ah, Lu, é linda, a cor é bonita, mas o tecido não é muito bom para passar... - orientou minha mãe.
A vendedora - ouvinte e intrometida em nosso informal bate-papo - pergunta:
- Vocês já conhecem nossas roupas?
- Já! - responde minha mãe.
- A senhora é passadeira? - lança a sensível mocinha.
Aquela aparência denunciando afeição respeitosa deu nojo.
Meu olhar castanho-mel rapidamente mirou aquela infausta face e a vontade de exigir satisfações veio até a goela. Contive-me. Jamais causaria em minha mãe um sentimento de vergonha alheia. Na hora, eu só queria me retirar dali, classuda como entrei, e deixar a vendedora sem o direito de entender o ocorrido.
- Não, bem, somos acostumadas a comprar aqui... - amarelamente sorriu minha mãe.
- Ah! - exclama a sem graça moça.
Eu conservei-me muda, querendo entender o embasamento da indagação, sem, obviamente, desmerecer o trabalho de quem ganha o pão passando roupas. Eu admiro quem tem o dom. Particularmente eu odeio e não faço bem. Porém, e se minha mãe fosse passadeira? Por que a cara de piedade pra nós? Passadeira só vai a shopping pra julgar tecido? Não compra em shopping? Pessoas comuns não percebem o tipo de pano da roupa que compra? Minha mãe passa roupas como qualquer dona de casa. Se um dia eu me casar e não tiver quem faça por mim, também o farei.
Repentinamente minha vontade de comprar passou.
Eu não me sinto diferente por causa da minha cor, aliás, tenho é muito orgulho, mas absolutamente nada, até hoje, me tira da cabeça que aquela fulana relacionou o ofício de passar roupas à nossa cor do pecado. Foi uma atitude explícita - talvez inconsciente - de preconceito. Nunca havia sentido isso. E a primeira vez a gente nunca esquece.
A atendente perdeu duas oportunidades de nos poupar de sentir seu mau hálito. Primeiro porque não havia sido chamada para a conversa, segundo porque não deveria ter perguntado nada. Eu, no lugar dela, depois de escovar os dentes, faria minha mãe acreditar estar diante do melhor tecido da face da terra, tentando persuadi-la, objetivando a venda e almejando a comissão.
Talvez ninguém analise a situação como eu, que, além de analisar, senti e depois questionei-me: será que ela falaria aquilo para qualquer um que entrasse ali? Não sei!
Minha mãe ainda prosseguiu a prosa toda simpática. Eu só permaneci ali porque a bendita marca é a única que tem a calça que veste perfeitamente meu namorado. Droga! Comprei lá mesmo por falta de tempo e tempo.
Julguei, no mínimo, desagradável a situação, mas saí dali com a crônica na ponta do lápis.
Minha forma de protesto foi não voltar mais lá.

13 comentários:

  1. Eu teria abandonadona hora a loja, não antes de perguntar à ela se não aprendeu nenhuma coisinha de educação e técnicas de vendas.Nunca a ajudaria a ganhar venda comigo! NEVER!!! Essas vendedoras desse tipo, são um porre...Já me irritam quando nem bem entramos na loja, já aparecem 5 pra nos seguir , não nos deixando à vontade...
    É fogo!!! beijos,linda crônica! chica

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  2. Sabe Lú... esses dias eu estava pensando exatamente sobre isso. No despreparo das pessoas para atender ao proximo. Regras tão simples de educação não são passadas aos filhos pelos pais. Aí quando caem no mercado de trabalho, são aqueles que tratam o outro como obrigação.
    Uma triste realidade pois deixam de ganhar o seu pão!

    Aproveito a oportunidade para convidá-la a participar do Concurso do Espaço Aberto e desejar a você e os seus familiares um natal rico em dádivas!

    Um beijo carinhoso

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  3. Senti que houve maldade,sim. E não deve ter sido fácil engolir esse sapo. Acho que você deveria dar o nome da loja. 10 para o texto e 0 pra vendedora.

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  4. Você agiu com superioridade, Lu, ao contrário dessa vendedora infeliz. Parabéns pelo texto. Já notou que escrevemos melhor quando estamos com raiva? Rs. Bjão.

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  5. Chica,
    Obrigada pela visita! Realmente essas criaturas são um porre... Afff.

    Tati,
    Realmente está difícil lidar com esse despreparo das pessoas para o mercado de trabalho, especialmente quando se fala em comércio... Valeu pela visita! Vou lá conferir o concurso.

    Bjs pra vocês!

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  6. Marcelo,
    É, não foi nada fácil...
    Valeu pela visita!

    Rodrigo,
    Claro que eu não faria barraco ali... rs
    E... Realmente, escrevemos melhor quando queremos desabafar nossa ira... rs
    Até dividi em partes... Semana que vem trarei a Parte II.

    Bjs!

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  7. Calma querida amiga á gentinha que não merece nada.

    Beijo e bom fim de semana.

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  8. Cara Lucimara,
    boa crónica! Devia ser incluída em manual de treinamento para técnicas de (não)venda!
    abs

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  9. Oi, Lucimara:
    Hoje em dia são pouquíssimas pessoas que sabem lidar com pessoas. Sempre encontramos atendentes com má vontade, sem nenhuma simpatia e sem nenhuma sensibilidade. Parecem que estão odiando trabalhar e têm raiva de atender os clientes. Infelizmente. Pois muitos não perceberam que é sempre preciso fazer o melhor. Em qualquer trabalho ou situação. Fazer o melhor para o outro. Bela crônica, como sempre. Beijos no seu coração, bom dia :)

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  10. Olá, amiga
    Espero que tenha superado o mau humor da vendedora...
    Ontem, Domingo, está postado o meu cartão virtual para você que me acompanha com tanto carinho e amizade nesse ano de 2010...
    Obrigado pela amizade e que Deus recompense seu incentivo ao meu Blog!!!
    BOAS FESTAS!!!
    Abraços e bjs festivos
    Roselia

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  11. Essa funcionária deve ganhar menos que uma passadeira – PUORÓTUOWPHALEY!

    Heheehe... bjos, Lu!

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  12. Realmente quando estamos com raiva o que escrevemos sempre fica melhor e mais detalhado, parece que estamos passando por isso no momento e escrevendo...rsrsrs.
    Minha namorada foi lá pra comprar uma camiseta pra mim ainda e teve que levar desaforo pra casa...por dentro o meu baby louca pra xingar e debater....rsrsrs...to até imaginando a cena...

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  13. Oi querida vc deveria responder a ela, naoooo a passadeira sou eu mamae e lavadeira , e vce quantos anos esta com este umbigo no balcao ? Alias pq vendedoras tem mal halito ? ou e impressao minha ? Que pena que eu nao estava com vc ahhhh que pena

    Beijos espero que a calca ficu boa no seu namorado .

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