sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A EXTENSÃO DO HOMEM MODERNO

De inúmeros modelos, tamanhos e da mais alta tecnologia, os aparelhinhos de comunicação por ondas eletromagnéticas, invenção do século XX, hoje parecem ser essenciais à vida humana. Primeiro ele foi analógico, depois digital e atualmente encontra-se em constante evolução, sempre tentando alcançar melhorias mais significativas na capacidade de transmissão de dados. É ele, o telefone celular.
A partir dele, tarefas das mais complexas já são executadas inclusive sob comando de crianças de três anos, ou até menos. Possui várias ferramentas e acessórios de última geração – uma real parafernália tecnológica – e passou a ser tão indispensável como a carteira de identidade. Ninguém sai ou não pode sair sem levá-lo.
Ali estão todos os contatos pessoais e profissionais, o calendário, a agenda diária, o despertador, os lembretes do aniversário dos pais e amigos, data das próximas férias, o dia da última menstruação, as fotos e vídeos da família, entre outras informações úteis. Por meio dele você faz suas ligações para outros contatos que adotaram a mesma operadora, afinal, não dá para perder os bônus que "ganhou".
Mas pensando bem, você está insatisfeito com apenas um celular. Por isso, é hora de correr para a loja - esteja seu nome no SERASA ou não. Seus olhos até brilham entorpecidos diante dos inúmeros modelos. Resultado: compra outro em 10 suaves prestações.
A oferta era imperdível: aparelho desbloqueado, "brinde" de acesso livre à internet, pacote de 100 torpedos/mês e 500 reais de bônus por semana. É deste agora que você vai combinar as baladas com os amigos, ler os emails e falar à vontade, e ainda com a vantagem de trocar o chip e ter outro número para falar só com a família.
Que satisfação! Você sai da loja sorridente, passa da quitanda da esquina ou farmácia mais próxima e compra um novo chip de uma operadora que você ainda não tinha.
A promoção era tão tentadora, que não daria mesmo para perder. A surpresa só vem quando, antes de terminar de pagar, a promoção acaba e você fica sem comunicação. O que resta é usar o instrumento para brincar com o jogo da cobrinha ou fotografar e filmar cenas variadas que nunca servirão pra nada. As tarifas já não são tão baratas. Você liga na operadora, tem que fazer valer os direitos do consumidor. São longos minutos de espera, até uma voz simpática falar ao seu ouvido: "No momento todas as linhas desse serviço estão ocupadas. Tente novamente mais tarde. Obrigada... tu tu tu tu". Você tem vontade de jogar o telefone na parede, entretanto, desiste ao lembrar-se do carnê lá na estante.
Tantas facilidades na aquisição dos cobiçados produtos acompanham a frenética evolução nas telecomunicações. É por isso que a maioria das pessoas sente necessidade de trocar celular como troca de roupa, ou de ter vários números, sendo um de cada operadora. Isso é ser chique! Contudo, a ânsia de comprar mais um modelinho bonito ou aproveitar a sedutora promoção, vem sempre aliada à garantia de frustração.
É impressionante como o ser humano condiciona sua vida a um mero objeto e triste observar como as pessoas veem nele uma forma de não se sentirem excluídas de certos grupos sociais.
O famoso telemóvel é importante sim nas relações profissionais, na comunicação instantânea; ele ajuda nas emergências, registra ocasiões importantes. Todavia, como nada é perfeito, na hora em que mais precisamos, a bateria acaba, ele fica fora de área, o crédito some... Em sala de aula também é inútil. É inadmissível parar explicação porque o telefone do aluno está tocando.
Além do mais, o versátil aparelho ainda pode representar uma poderosa fonte de discórdia entre casais. Não há quem não se enfureça quando liga para o parceiro/a e este não atende à chamada. E aquela pessoa folgada que descobriu seu número e se sente na liberdade de te ligar para fazer um convite para sair? Só não sabe que você tem namorado/a. Pior mesmo é o ser inoportuno que acha que um torpedo vai mudar a vida da pessoa em quem ele está interessado, esquecendo-se ou fingindo esquecer que essa pessoa tem compromisso. É de matar ou de morrer de raiva! Nem é ciúme...
As brigas são inevitáveis diante de situações como estas. E tudo por causa do dito cujo.
Enfim, há muito que se falar sobre este assunto.
O intuito hoje era somente discorrer um pouquinho sobre essa espécie de satélite que, rapidamente, passou a fazer parte da sua e da vida de muita gente, seja criança, jovem ou adulto. Qualquer pessoa possui e a qualquer momento consegue te encontrar em qualquer lugar. A maquininha dorme com você, te acorda, te avisa a hora do remédio, vai ao banheiro e te aguarda no banho, faz o papel da sua memória e ainda te oferece segurança. É praticamente a extensão do seu corpo.
Parece loucura exagerada, mas é realidade. O lado ruim ninguém enxerga. O homem parece cada vez mais escravo daquilo que ele mesmo cria.
Lamentável!

9 comentários:

  1. Nada melhor do que ser o primeiro a comentar o seu post...aliás perae o celular está tocando...rsrs...realmente já somos dependentes desse aparelho chamado celular, agora mesmo comento seu post e brinco com o joguinho que baixei para o meu celular. Vc sabe q eu to esperando somente chegar dia primeiro de novembro pra colocar crédito no celular, pq assim participo da promoção e ganho bônus para ligar pra vc...rsrs. O texto ficou muito bom meu amor e não ficou tão extenso como havia me falado. Bjos me liga! Te amo!

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  2. Ei Kennedy, celular de pobre é mesmo uma tristeza... o meu está sem credito há mais de meses, até perdi minha promoção por pura dó de gastar R$ 10,00 pois eu já sabia que ficaria bloqueado, afinal eu não ligo p/ ninguem!kkkkkk..
    Lucimara, texto realmente muito realista! Viva a era modena! Very good!

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  3. Lucimara,
    Você retratou bem como o homem "moderno" esta se escravizando através de sua própria inteligência. As vezes penso que nós somos mais "atrazados" do que nossos bisavós, hheheh, mas adorei seu comentário.

    Abraços.

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  4. Lucimara
    Vc disse tudo.
    Tem hora que dá vontade de voltar para a velha maquina de escrever e só usar telefone fixo. Assim mesmo só para emergências.
    Parabéns pelo artigo pela forma e conteudo.
    Abraços

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  5. Olha Lucimara seu texto é maravilhoso!!!
    Hoje em dia os homens não tem tempo para refletir,mas sim só pensam em trabalhar e ter um cargo bom!!
    Hoje as pessoas devem pensam que não são máquinas, mas são pessoas quem tem direito de relaxar e curtir mais suas vidas!!!
    parabéns adorei mesmo!!
    bjs
    Luana

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  6. Gente, a verdade é que estamos totalmente escravizados pela tecnologia.
    Obrigada a vocês que leram, gostaram. Continuem acompanhando e participando aqui através dos comentários.

    Ah, um momento que meu celular está me chamando... rs
    Bjs a vocês

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  7. E, eu que pensava aque abolição da escravatura era verdadeira hein. Sairam os grilhões das senzalas, entraram os celulares.
    Mais uma tentativa de liberdade agora..rs
    Novembro taí, Salve Zumbi.
    Muito Axé.

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  8. Olá Lu! Bom dia!!!

    Perfeito seu texto, seu raciocinio sobre atualidades faz a diferença. Interessante escravos de nossas próprias invenções. Continue a nós presentear todas semanas, assim faz nossos dias mais real.

    Beijos / Deborah

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  9. Oie!!
    Conheço histórias reais que vc citou aí, hehe.
    Inclusive a raiva que estou, por meu Tim, que custava 25 centavos, e agora custa 99 centavos... Será que eu deixei de ler as letrinhas miúdas?
    bom, mas é verdade, não posso mais viver sem meu Tim e meu Claro, rs.
    Beijos, e parabéns pelo texto!

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