sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

TEXTO SIMPLES

Durante a semana toda ela pensou em um tema para mais um texto. Claro que não chegou A um acordo diante de suas incontáveis incertezas.
Um conto, uma crônica ou um registro qualquer?
O problema - ou o interessante - é que às vezes nem ela mesma consegue desvendar o que quer ou sente, e sua CRIATIVIDADE só permite produções sem lógica, aliás, o mesmo “sem lógica” que, de certa forma, mexe com algum sentimento adormecido.
Sua preocupação com o gosto de cada leitor é uma constante, por isso escreve e reescreve, quantas vezes preciso for, a mesma frase, o mesmo parágrafo, o mesmo texto. Às vezes ainda não fica bom, então, reescreve. É um processo contínuo. Ela briga com os vocábulos; felizmente ninguém sai machucado DA luta. Como em um quebra-cabeça, cada um se encaixa em seu devido lugar.
Poxa! Sexta-feira, você com mil e uma coisas para fazer e seu tempo escoando por entre os suspiros pausados da leitura deste textículo metalinguístico.
- Calma! Não interrompa a leitura agora! Ela promete não decepcionar até o final!
Esta ESCRITA está exigindo dela um pouco mais da capacidade literária, artística e poder imaginativo. Acreditem! Afinal, ela está quase totalmente sem assunto, ou melhor, perdida entre tantos.
Autocrítica demasiada às vezes atrapalha, mas ela percebeu ultimamente que é o que estimula qualquer aspirante escritor. Um assunto é sempre melhor que o outro, este tema vai agradar a mais leitores do que aquele um e por aí vai.
Pensando assim, ela não evita escrever, porém recusa-se trazer para cá textos quaisquer ou sem o cuidado em agradar sua tímida legião de leitores.
SE tivesse aproveitado o ensejo para falar do espírito natalino que amolece até os corações mais duros ou da ânsia humana que aguarda a chegada de mais um ano par, talvez ela não precisasse quebrar tanto a cabeça. Só que também não ousaria criar algum texto sobre a sua persistente dúvida chamada “o que escrever?”.
Pediu a alguns amigos sugestões de temas, mas anda percebendo que o louco cotidiano FAZ deles pessoas cada vez mais ocupadas e focadas em necessidades do trabalho e do lar.
Este aqui é só mais um esboço. Não contém o melhor de sua alma, mas conta COM seu desejo de mostrar-lhes o quanto é prazeroso brincar com as palavras que, unidas A tantas outras, formam as frases que vão dando sentindo aos seus sentimentos, asas à sua imaginação e excitação à sua criatividade, ainda que por meio da SIMPLICIDADE.
Ela não precisa do erudito pedante para sentir prazer em impregnar suas impressões em cada página, nem dos termos mais rebuscados. Carece simplesmente de ser um eu em contato com o mundo, captando, a todo momento, DAS mais variadas situações e por meio de singular sensibilidade, o mínimo de poesia. O mínimo que se maximiza ao ser traduzido pelas LETRAS.
Para ela, escrever era apenas uma distração, hoje tem se tornado um vício. Conforta-se com seu próprio elogio mesmo quando não satisfaz a maioria. Sabe que obstinadamente se esforça para tentar ser melhor e dar prazer a quem lê suas criações.
Hoje, até mesmo incomodada com o fato de seus pensamentos não terem sido capazes de interpretar suas emoções e fantasias, não desistiu de escrever.
De qualquer forma, pretendeu deixar somente uma mensagem, explícita no texto através das maiúsculas talvez passadas despercebidas por você.
Passe os olhos novamente pelo texto relendo as letras em destaque. Perceba que a criatividade da escrita se faz com a simplicidade das letras.

5 comentários:

  1. "Carece simplesmente de ser um eu em contato com o mundo, captando, a todo momento, DAS mais variadas situações e por meio de singular sensibilidade, o mínimo de poesia. O mínimo que se maximiza ao ser traduzido pelas LETRAS. "

    Parabéns! Quero destacar esse trecho para mostrar a parte culminante da leitura! Nesse caso, pude interpretar, a princípio, que a "personagem" se angustia com a falta de um tema. Mas depois percebi que não é bem a falta de um tema a espinha dorsal do texto: é a estrondosa presença de poesia e criatividade que precisa ser colocada para fora e, no entanto, esbarra na precariedade da linguagem humana e na percepção de seus leitores.

    Sempre há novas possibilidades, novas formas, novos métodos, novos assuntos... E uma das formas mais fascinantes de abordarmos a vida é voltando-nos para as ferramentas com que (achamos que) a atingimos; a palavra tenta representar a realidade, e a metalinguística volta-se para palavra. Então, quando o poeta, o escritor, o arrista descobre que há uma vasta realidade a ser exposta, inúmeras coisas a serem ditas, percebe o quão deficiente é a linguagem humana para expressar tantas coisas. No entanto, palavra é símbolo, e símbolo não é a coisa designada. Como resolver esse impasse? Como transmitir o estado poético da alma por meio dos signos? Como posso fazer isso para um número variado (culturalmente falando) de leitores? A solução é essa mesma que você descreveu:

    "Não contém o melhor de sua alma, mas conta COM seu desejo de mostrar-lhes o quanto é prazeroso brincar com as palavras..."

    O negócio é irmos brincando com as palavras como os alquimistas brincam com as misturas; combinando, refazendo, inventando, adicionando, temperando as letras, vamos transformando os outros e a nós mesmos.

    Um abraço!

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  2. Paulo,

    Parabéns por tamanha sensibilidade. Já havia dito antes, não é?!
    Que bom que temos a palavra para externarmos tudo o que pensamos e sentimos...
    Adorei sua análise teórico-literária!

    Grande abraço!!!

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  3. Grande criatividade em usar as palavras e fazer um texto que expressa a angústia de uma alma que está sofrendo em busca das melhores letras para escrever grandes textos. A cada semana que visito este blog, mais me encanto com as exímias palavras da autora. Quero te parabenizar, meu amor, por esse dom que Deus lhe deu em brincar com os vocábulos e obter grandes resultados. Bjos

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  4. Olá Lu.

    Parabéns pelo Post. adorei, sempre fico ansiosa pra ler seus textos nas sextas.

    Beijos, Deborah

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  5. Que facilidade hein! Deus sempre dá o Dom certo às pessoas certas.
    E, a oportunidade de conhecermos essas pessoas.
    Abs.

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