sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VIDA SIMPLES, NÃO SIMPLES VIDA

Cronologicamente ainda vivi pouco para ter a pretensão de registrar aqui minhas memórias. Nunca experimentei momentos tão expressivos assim. No entanto, de uma situação ou outra, a gente sempre acaba lembrando e reconhecendo sua importância. Aleatoriamente listando minhas experiências mais marcantes, consegui recordar do dia em que me propus a salvar uma vida. Um pequeno pássaro caiu de seu ninho e, enternecida, logo recoloquei-o em seu aconchego; segundos depois o frágil filhotinho foi expulso pelos irmãozinhos, vindo a agonizar diante dos meus pés. Foi uma frustrante tentativa de salvação. Senti-me a pessoa mais incapaz do mundo.
Em minha trajetória de vida, já venci muitas vezes! Venci jogos como banco imobiliário, imagem e ação, detetive, amarelinha, palitos e até mesmo o famoso "pular elástico". Nunca faturei rifas, tampouco mega sena.
Plantei árvore no dia da árvore, fui atriz em teatro da escola. Dancei lambada, samba e country music, além de cantar "os virgulóides" em rádio comunitária para ganhar prêmio - e ganhei!
Uma criança de bom coração eu fui, sem dúvidas. Em festa de aniversário, oferecia, toda vez, minha bexiga àquele serzinho descuidadoso que estourava a sua antes da hora e abria a boca - em lágrimas. Mesma época em que chorei minha - suposta - própria morte após ter engolido um chiclete de tuti-fruti. E se aquilo grudasse em minhas tripas como minha avó dizia?! Meu pranto cessou só depois de eu me perceber ainda viva passadas algumas horas.
Na segunda série do ensino fundamental, o excesso de responsabilidade permitiu que eu fosse capaz de ir para a escola, sagradamente, todos os dias letivos do ano, sem uma falta para contar história.
Na pré-adolescência fugi; não de casa, mas da tentativa do um roubo de um beijo. Hilariantemente péssimo!
Em minha carreira escolar, experimentei tirar umas três notas vermelhas - foi quando vivi alguns dos dias mais tristes da minha vida, sem exageros. Graças aos Céus, não eram notas finais.
Já ajudei freira idosa a carregar mala em rodoviária, avisei a cego a hora certa de atravessar a rua, visitei doente. Senti-me bem e em paz. Estado que não pode ser comparado ao dia em que fui atropelada. Meu irmão guiava uma bicicletinha azul e passou por cima de mim como um rolo compressor. Foi diferente!
Ao longo dos meus anos, tentei fazer alguém se sentir melhor com alguma piada tosca, um telefonema ou uma mensagem. Imitei, inclusive fiz caretas. Arrisquei ser conselheira e deu resultado vez ou outra.
Obriguei alguém - com nome de presidente - a recolher o papel de sorvete que havia jogado ao chão, porque entendo que o meio ambiente não tem culpa da falta de uma lata de lixo em determinado local. Considero uma contribuição pequena, porém valiosa!
Em um dos meus dias de revolta, telefonei no SAC da coca-cola para reclamar de 1 litro e meio do refrigerante que estava com gosto de ferrugem. Fui criticada. Críticas transformadas em um engraçado “eu não creio que você fez isso” quando um mega caminhão da empresa chegou à minha casa exclusivamente para trocar o produto, com nota fiscal e tudo. Amei – mesmo sem ter ganhado um brindezinho – afinal, direito do consumidor e dever da multinacional estavam quites então. Não obstante, eu precisava saber se o negócio funcionava de verdade.
Ah, e como poderia me esquecer do dia em que cheguei ao limite da minha adrenalina? Aos dez anos, exatamente às 12:30h, avistei um escorpião médio em minha desnuda barriga, querendo se aproximar do meu prato para almoçar comigo. Cena e grito inesquecíveis. Minha mãe confirma minha recorrente fobia desde lá.
Os anos se vão e o ser humano passa a se sentir mais seguro de suas atitudes. Quiçá tenha sido este o motivo que me levou a executar certas ações sem pensar nas consequências, como dar carona para alguém sem nunca ter visto antes ou pegar carona sem conhecer o motorista. Com certeza foram situações excepcionalmente únicas, no sentindo mais redundante da palavra.
Fora isso, fui chamada, por um professor, de Tony Braxton; anos depois fui figurante de um filme que só foi exibido na Capital. Estações até que significativas em meu contexto, como o fato de eu ter me tornado motorista sem reprovar, conseguido passar em concurso público, lutado por um Amor, criado um blog e usufruído - e ainda usufruir - do prazer de sentir o que é ensinar.
Em suma, talvez eu não tenha influenciado grandemente a vida de alguém, nem positiva, nem negativamente. Até agora vivi puramente momentos, lances comuns, ora felizes, ora quase tristes, que de uma forma ou de outra me trouxeram a experiência e marcaram quem eu sou.
Acredito eu que de mais significativo em existência tenha sido o meu nascimento em uma família linda e unida, que continuamente me indicou os melhores caminhos, ofertando-me a oportunidade de conviver com reais amigos e a graça de vivenciar as dores e as delícias de ser assim: simples, mas feliz!

10 comentários:

  1. Coca-cola com gosto de ferrugem foi boa hein!! rsrsrs
    Sério que eles mandaram um caminhão na sua casa?
    Adorei isso rs
    Bj

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  2. Ei Jorge,

    Foi engraçado, pois eu nunca imaginei que o atendimento fosse tão rápido. Reclamei em um dia (por e-mail, no site), me ligaram no outro e no dia seguinte vieram de caminhão entregar 1 (UMA) Coca-Cola de 1,5L... rs
    A única coisa que me revoltou foi o baixo preço discriminado na nota fiscal. Constatei que nós pagamos mais de 100% sobre o valor... :(
    Depois ainda me ligaram pra ver se e utinha sido bem atendida.
    Foi uma situação engraçada, embora eu tenha sido criticada.
    Tudo o que está aí no texto é verídico, viu!? rs
    Bjs

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  3. kkkkkkkkkkk... posso provar que é verídico!! Principalmente na parte das caretas! "he-he"...mas a parte do atropelamento com a bicicletinha azul foi demais! Qual dos irmãos foi o autor?? rsrs
    Lembrar do passado, da infancia, juventude é a coisa mais divertida que podemos fazer na vida!! Ri muito lendo esse texto! Ótimo!

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  4. Apesar de ter dito que o texto era grande tenho que reconhecer que foi uma leitura muito envolvente e que não fez eu parar enquanto não chegasse ao ponto final...Realmente posso provar que tudo isso é verdade, meu baby exigindo uma nova Coca, tá de brincadeira....rsrsrs.
    Roubo de beijo na pré-adolescência...hum...não sabia disso não, mas depois conversamos...rsrsrs.
    Seu texto ficou maravilhoso gostei muito e não podia deixar de comentar, ficou excelente.
    Agora só fiquei com uma dúvida...quem é a pessoa que você fez pegar papel de sorvete do chão?rsrsrsrsrs.
    Ah amor toma cuidado com o escorpião que tá ai do seu lado, subindo na perninha e logo estará na barriguinha...rsrsrsrs. Acho q tá arrepiada.
    Bjos! Te amo! Ótimo texto.

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  5. Oie menina...
    Recebi um email indicando o seu blog...
    E como sou ávida por leituras e blogueira de plantão.. Não pude deixar de fazer essa pequena visitinha e devo acrescentar que fiquei impressionada...
    Nas verdade a colocação das palavras da sua vida foi demais ( Coca foi demais).. XD
    COm certeza virarei um seguidora...
    Se puder visitar os meus com certeza ficarei grata e sempre que puder estarei passando por aqui...
    Bjinhuxxxxx
    http://kezialobo.blogspot.com/
    e
    http://ofantasticomundodaarte.blogspot.com/

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  6. E assim é nossa vida...nossas historias..e lembrar das coisas boas..só nos traz alegria.
    Beijão

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  7. Oi Lu!
    Posso chamá-la assim?
    Afinal todos os dias vejo tua foto aqui e me considero tão "íntimo" como as palavras - aliás muito bem ditas - que mais parecem letras de músicas. Não daquelas músicas que se escuta hoje e amanhã, não se sabe nem que é o autor ou o cantor.
    Muito legal sua história, mas brigar com um escopiãozinho inofensivo por um simples prato de comida (digamos q tivesse sido simples, pois não imagino um escorpião sentado à mesa comendo de garfo e faca um "PF").
    Com certeza me fez viajar nessa história!
    Parabéns!
    Bj e paz!
    Edu Santos

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  8. que lindo Lu
    como voce escreve bem; qqauer dia, te passo um pouco da minha historia
    quem sabe voce a retrate. tem muito drama. rss.
    beijos linda.
    adoro todos as mensagens

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  9. nossa, eu também já chorei porque achei que ia morrer depois de engolir um chiclete (mas o meu era de hortelã!).

    Vc escreve muito bem. É gosto de ler. O texto tem uma fluência muito boa! parabéns

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