Hoje estou aqui para expressar um
pouco da sensação causada pela vitória do Corinthians, na última
quarta-feira, dia 4 de julho de 2012.
Ah, sim! Acontecimento histórico mesmo. O clube tem mais de 100 anos e ainda faltava esse título. Venceu, e por merecimento, sem dúvidas.
O dia pós-jogo foi um tanto quanto intolerável. A mídia, como sempre, pouco criativa, mostrou a comemoração, nas mesmas imagens das primeiras horas da manhã até as últimas horas da noite. Um porre da pior qualidade.
- Ah, você fala isso porque não gosta
de futebol – ouvi.
Muito pelo contrário. É um dos meus
esportes prediletos, mas ainda sou racional demais pra suportar tamanha puxação
de saco.
Dia desses aconteceu a final da
Eurocopa, um torneio importante organizado pela UEFA - confederação europeia.
Você, que vai ler este texto depois de dia, anos, décadas, séculos, esclareço que
o último jogo decisivo aconteceu no dia 1 de julho de 2012. A Espanha mostrou
um bom futebol e conquistou o título ao derrotar a Itália por 4 a 0 no Estádio
Olímpico de Kiev, na Ucrânia. O terceiro deles. A fiesta foi bonita e os
espanhóis ficaram muy felizes, mas foi uma alegria efêmera, superficial.
Os noticiários da segunda-feira
pós-vitória traziam, de maneira bem enfática, manchetes que anunciavam ao mundo
que a euforia da final da Euro fizeram os espanhóis esquecerem, momentaneamente,
a crise por que passam. Bem momentaneamente, eu completaria. Jogaram para
escanteio o índice de desemprego e demais efeitos avassaladores da turbulência
dos mercados que assolam o país.
Os quatro gols, a gritaria, a taça... Bacana.
Mas e daí? E o maior índice de desemprego da União Europeia?
Aqui,
neste país que tanto amo, não é diferente. Se não for pior...
Problemas?
-
Ah, gente, vamos abstrair!!! A tônica do momento é a comemoração.
-
Quem ganhou mesmo? – o torcedor “perdido”
pergunta.
-
Ah, aquele da camiseta preta... Não... Vermelha! Ah... Não importa. Vem
comemorar! – alguém responde.
É
a cultura dos povos.
A
festa da vitória é belíssima. A alegria contagiante. Alegria esta que toma
conta de corpos que, de um instante pro outro, são consumidos por um espírito mau
que os levam a matar, brigar, violar patrimônios públicos e particulares, e por
aí vai.
A
verdade é que hoje se ganha, amanhã se perde. Faz parte do jogo. E há quem não aceite
essa verdade.
Desse
mesmo jogo faz parte a responsabilidade de cidadão.
-
Você fala isso porque não gosta de futebol! – ouço de novo. E ainda é revoltada! –
completam.
HA-HA-HA.
-
Revoltada eu? Não, bem. Falo assim porque tenho outros valores.
Hoje,
diria que é indiferente pra mim a vitória deste ou daquele. É bonito ver a
alegria alheia, independente do time que torce. Só que eu não posso considerar
um cidadão de valor e respeito um cara que vai ao campo de futebol pra assistir
a um jogo depois de ter deixado a esposa no hospital pra dar à luz o primeiro
filho do casal.
Não
é muita inversão de valores?
Não???
Estou
ficando revoltada mesmo.
-
Fulano, você já fez alguma loucura só pra ver seu time jogar?
-
Ah, mano... Hoje minha esposa pediu dinheiro pra comprar arroz para meus
filhos. Eu só tinha o dinheiro do ingresso da final. Falei pra ela mandar os
guris pra escola. O governo dá merenda, né, irmão?
Pronto.
O pai se eximiu da responsabilidade de pai pra gritar pelo seu time. Algum
problema? Não, não. Tem milhões de outros cidadãos para pagar a comida de seus
filhos.
Você
que lê e esta que vos escreve fazem parte dessa massa que se preocupa enquanto
uns se divertem sem compromisso.
Ok, já falei demais. Desculpe-me!
E
vamos que vamos pro Japão.
- Não! Peraí... E meu emprego?
- Ah, vamos. Depois você arruma outro.
Adorei!
ResponderExcluirBem verdadadeiro seu texto. Temos que torcer, mas conscientes!
ResponderExcluirVai, timão... rs
Um abraço.
Tantas verdades aqui...Pensam em futebol e o resto??? beijos,chica
ResponderExcluirÓtimo, Lu. Você deu a resposta que eu queria àquelas pessoas que também me disseram que sou revoltada, que não gosto de futebol etc. Os brasileiros precisam rever seus valores.
ResponderExcluirBeijão
Rever valores... Eis a questão!
ResponderExcluirÉ dose. Triste realidade.
ResponderExcluirAbraço, Lucimara.
Adorei Lu!
ResponderExcluirFazia tempo que não entrava aqui. Saudades!!!
Saudades também, Su!!! Beijo!
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